A expressão grave da vida está em Os Verdes Anos: um filme sobre a frustração dos nossos sonhos, daquilo que aspirávamos para os nossos sentimentos, a nossa raiva perante o rumo esperado das coisas e das relações, um desapontamento sobre aquilo do que pensávamos que éramos capazes de cumprir perante uma realidade terrena, quase subterrânea de uma condição de vida, tão portuguesa mas tão próxima e humana do mais universal dos feitios. Para além do mero fatalismo português, Os Verdes Anos coloca essa expressão à flor da nossa pele, ainda jovem e cujos dias, alimentados pelas nossas ilusões e desejos, se vêem quebrados na dificuldade em assumi-los e no encontro dos outros. Um filme marcante, elevado como num rodopio pela música obsessiva e fabulosa de Carlos Paredes. Filmes destes são os que nos vão directos à essência das nossas imagens, daquilo que sonhamos e que desejamos para o nosso cinema, em confronto directo com a frustração que pauta uma realidade cujo compromisso é o peso dos nossos passos.
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