10.9.09

K

Há algo que me fascina em Kubrick: o controlo. E por controlo digo paz, mesmo em momentos violentos ou furiosos, Kubrick nunca deixa que isso pegue no seu filme, a sua fúria exposta é controlada pelo mecanismo que deve gerir tudo: a imagem. É o fascínio de ver alguém que sabe exactamente para onde vai, que segue exactamente aquilo que quer dizer, mesmo que esse caminho seja uma busca ou algo que se vai construindo num espaço de duas horas. É ver, crescer e abrir os olhos, sabendo que não estamos a deixar nada para trás, tudo se aproveita. Esta é a liberdade de quem procura saber, de quem procura sentir qualquer coisa, e que sabe que para além disso estão outras ainda incompreendidas, mas cuja existência condiciona, e de que forma, os nossos desejos. A sua inteligência toca-me e a sua sensibilidade move-me. Nunca foi compreendido em nenhum dos seus filmes, é facilmente idolatrado por quem começa a ver filmes (pois é aqui, como nunca e nunca da mesma maneira, que vê algo desta substância) e facilmente menosprezado pelos chamados peritos. No fundo, nunca será compreendido como merece, e isso ao menos serve de sinal para o que se costuma definir por génio.

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