Eric Rohmer morreu aos 89 anos de idade. São poucos os realizadores que têm a humildade de nos querer mostrar, mais que uma amostra do que é o cinema, uma amostra do que é a vida. E são ainda mais raros aqueles que têm a sensibilidade em conseguir fazer com que os seus espectadores retirem algo disso para os seus dias. Rohmer é um deles e eu sou um desses espectadores. Devo aos seus filmes muitas horas de pensamento sobre os meus dias e os meus sentimentos, ensinando pensar sobre eles e tentar viver com a ternura que a complexidade deles nos pede. Gostaria muito de poder viver por essa meditação e experimentação com a paz e o encanto que os seus filmes transmitem, mas sei que a vida se joga também para além das suas imagens e pela delicadeza com que pegamos e usamos os nossos gestos e palavras. Nunca tanto como em Rohmer isso transpareceu como a nossa verdade. Devo-lhe isso e sei que continuarei a crescer com os seus filmes.
