The Pleasure of Being Robbed esteve no Indielisboa do ano passado. Desconheço se a nova longa-metragem do realizador Joshua Safdie estará na edição deste ano. Uma coisa é certa - espera-se que tenha aprendido, entretando, a colocar uma câmara, e não a fazê-la mexer desgovernadamente esperando todas as referências automáticas a Cassavetes e ao cinema independente dos anos 70 americano. Este, aliás, é o equívoco tradicional do cinema independente norte-americano. Uma "filmagem livre" (grandes planos planos - mais por ter a lente errada do que por se querer entrar em quem se filma, e filmar tudo no ar e não como seguimento do corpo) merece imediatamente a etiqueta "Cassavetes". Este lugar-comum que se tornou numa certa maneira de fazer cinema não percebe que Cassavetes não fazia um cinema "livre": fazia o cinema mais dependente das emoções estragadas e destragadas dos indivíduos com maior vida dentro de si. É cinema com a vida injectada, a baldes, por ali adentro. Filmes como o de Safdie são, vá lá, simpáticos. Mas a vida que têm não chega para preencher o ecrã de um Iphone. Lamentavelmente. Talvez o próximo filme, se vier aí, mostre já o contrário.
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