A experiência de ver Les Herbes Folles é a experiência de se viver uma paixão, ou melhor, um grande amor: uma narrativa com princípio, meio e fim, mas não necessariamente por essa ordem, actos irracionais levados por impulsos provocados, por sua parte, pelo pulsar de uma figura, pelas lembranças de uma imagem, pelo desejo de vê-la e revê-la, e por sentirmos que é nesse campo que somos livres como seres humanos para expressar, de uma vez por todas, os nossos maiores sentimentos - os que mexem definitivamente connosco e que retiram da sua frente toda outra dor acessória. E no fim sabemos que, até com o final feliz hollywoodiano presente e depois destruído, tudo valeu a pena - e aqui acrescento, tudo valeu a pena porque a alma não é pequena. E se Resnais dá-nos um filme com o maior respeito pela capacidade do espectador (e pela doçura com que ilumina os planos e os seus rostos) é porque Alain Resnais é grande de coração, grande de generosidade (com tudo o que oferece ao espectador para brincar) e grande de alma. Todos os amores verdadeiros são assim, apenas se todos os filmes nos dessem isso tudo. Coisas destas não são feitas para explicar.
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