High Violet toca-se como a cidade de onde vem - NYC -, como uma banda que se vê consumida pela vida que tem e à qual se atira sempre, que anda na rua com as milhões de pessoas mais sozinhas deste mundo à sua volta, e que se entrega, também, à projecção da vida que deseja no meio delas, de uma felicidade e de um calor humano no meio da sua enorme multidão, das ruas quentes que ocupam e dos seus caminhos subterrâneos, sem paragens, sem tempo para respirar um pouco mais fundo. Deixa-se consumir pelo fulgor que a apanha, que lhe rouba a vida e atira-a de novo para os seus braços, como sinal maior de pujança, de controlo e de vício. Como se vivêssemos por ordem da cidade e ela nos devolvesse a nossa vida com autoridade, dizendo: agora vive, pega no que tenho e faz-te às emoções, escreve histórias e canta épicos. Isto é High Violet e isto é Nova Iorque, música e cidade que são armadilhas e estradas para as emoções. A solidão vive aqui, mas é a de quem deu tudo o que tinha para dar. Enquanto estivermos nela, sabemos que teremos sempre a vida, custe o que custe. Give me a reason to get out of the city. Poderão haver quinhentas, mas a maior delas faz-nos ficar. É o sentimento que resume Nova Iorque, que para além daquela ilha, está uma fuga que nos diz respeito, mas sem ela, já não nos saberemos entregar a mais nada.
21.8.10
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